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Um Só Corpo na Prática - Livro Impresso

INDICE










Traduzido de "The One Body in Practice", por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.


Apendice: Grupos Cismaticos Dentre os Conhecidos como "Irmaos"

As divisões e cismas manifestadas no testemunho cristão sempre tiveram um começo. Se alguém estiver pensando seriamente em entrar em comunhão com um grupo de cristãos que professa estar congregado sobre os princípios da Palavra de Deus, é bom indagar sobre sua origem. Cada reunião de cristãos tem uma história. W. Potter escreveu: "Qual é a origem de tal e tal reunião? Por que eles se reúnem separados de outros? Sua posição é bíblica?". Estas são perguntas importantes que devem ser feitas.

Nossa Responsabilidade Para com os que Abandonaram o Divino Centro de Reuniao

O que costuma ser mais perigoso do que "tocar com o garfo" pessoas para a assembleia local é sair atrás daqueles que abandonaram a assembleia. Ao considerarmos este assunto da reunião feita pelo Espírito, precisamos entender que espalhar é uma obra de Deus tanto quanto reunir (Gn 3:23-24, 11:8-9, 1 Rs 12:24, 2 Rs 17:20-23, 24:1-4, Jr 15:1, 4, 31:10, Ez 36:19, 24, Mt 23:37, Jo 10:12, 16, Ef 1:10). Às vezes o Senhor peneira o Seu povo. Ele os prova e às vezes permite que sejam espalhados. Satanás é o grande peneirador e causador de divisões e, o Senhor, pelo Espírito, é o grande Reunidor. Todavia, o Senhor, em caráter de disciplina administrativa de Seu povo, pode permitir que Satanás tenha acesso aos santos e faça seu trabalho de espalhar.

Nossa Responsabilidade Para Com Aqueles que Nao Estao Congregados

Alguém poderá perguntar: Qual é nossa responsabilidade para com aqueles que não estão congregados? Será que não deveríamos dizer algo a eles sobre a verdade da assembleia? Nossa resposta é sim. Toda a verdade é para toda a igreja, tanto para aqueles congregados ao Nome do Senhor Jesus como para aqueles que estão espalhados na cristandade. Devemos torná-la disponível a todos os que buscam. Devemos estar "sempre preparados para responder com mansidão e temor" a qualquer que nos pedir a razão da esperança que há em nós (1 Pd 3:15). Paulo recebia a todos que iam a ele buscando pela verdade (At 28:30-31). Uma figura disso está no livro de Ezequiel. Ele devia mostrar "à casa de Israel esta casa" (Ez 43:10), ou seja, ele devia mostrar a eles o padrão da casa de Deus, para que pudessem ver por si mesmos essa ordem. Devemos igualmente apresentar a verdade da igreja à igreja. Todavia, precisamos estar em comunhão com o Senhor quanto a quando e como apresentar a verdade da reunião a alguém. Por divulgar indiscriminadamente a verdade da assembleia a todas as pessoas com quem nos encontramos, podemos inadvertidamente estar dando "aos cães as coisas santas" e "aos porcos" as "pérolas" (Mt 7:6). Nas Escrituras o "porco" costuma ser usado para descrever um falso professo. Uma "pérola" nas Escrituras refere-se à assembleia (Mt 13:45-46). E esta verdade é de propriedade exclusiva da igreja (W. Scott). A verdade concernente à assembleia deve ser disseminada com cuidado. Que o Senhor possa nos guiar nesta tarefa.

A Acusacao de Sectarismo

A ideia de que Deus possui na terra um só testemunho da verdade do "um só corpo" parece exclusivista para alguns. Mas isso não deveria parecer estranho para nós, já que toda a revelação da fé cristã deve parecer assim para as pessoas de outras religiões, como budismo, hinduísmo e islamismo. Elas olham para o cristianismo e dizem: "Então vocês cristãos acham que são os únicos certos -- que vocês são os únicos que vão para o céu!". Elas podem achar o cristianismo orgulhoso, arrogante e exclusivista -- mas é a verdade de Deus. Tudo o que podemos fazer é baixar a cabeça e humildemente agradecer a Deus pela graça que nos guiou Àquele (o Único) que é "o caminho, e a verdade e a vida"; Aquele que disse "ninguém vem ao Pai, senão por mim" (Jo 14:6). O meio de salvação e a vida eterna são coisas muito exclusivas. "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" (At 4:12).

Novos Grupos que Procuram Seguir o Padrao Biblico para Reunir

A ideia de que Deus pode ter mais de um testemunho divinamente reconhecido da verdade do "um só corpo", ainda que não em comunhão prática uns com os outros, incomoda alguns. Muitas perguntas hipotéticas já foram feitas neste sentido relacionadas a novos grupos de cristãos que procurem congregar sobre os princípios divinos. Este é um exemplo: "Se um grupo de cristãos piedosos, que não conhecesse os que estão congregados ao Nome do Senhor, aprendesse algo da verdade de como congregar e, separando-se de seus vínculos com associações eclesiásticas, começasse a se reunir simplesmente em nome do Senhor Jesus, agindo em conformidade com tudo o que aprenderam das Escrituras sobre esta função da assembleia, estariam eles congregados sobre o terreno do "um só corpo" e teriam o Senhor em seu meio conforme Mateus 18:20?".

Imitacao

Alguns acreditam erroneamente que se existe apenas uma maneira para os cristãos estarem congregados -- a qual é em conformidade com o padrão encontrado na Palavra de Deus -- e que se um grupo viesse a se reunir seguindo esse mesmo padrão, os cristãos ali estariam divinamente congregados ao Nome do Senhor. Alguém poderia visitar uma reunião de cristãos assim e sair dizendo: "Essas pessoas se reúnem exatamente como aqueles que estão congregados ao Nome do Senhor, portanto conclui-se que elas estejam congregadas ao nome do Senhor". Todavia, para estarem divinamente congregados ao Nome do Senhor há outros requisitos a serem preenchidos. Certamente é verdade que só existe uma maneira para os cristãos estarem congregados, mas se bastasse conduzir as reuniões em conformidade com o padrão das Escrituras as pessoas poderiam simplesmente se separar daqueles que Deus congregou ao Nome do Senhor Jesus e estabelecer uma comunhão independente. Bastaria elas praticarem aquilo que a Palavra de Deus ensina sobre a ordem da assembleia e seriam consideradas como estando no verdadeiro fundamento da assembleia. Se este fosse o único critério muitas das divisões heréticas existentes entre aqueles que são chamados "irmãos" poderiam ser consideradas como estando congregadas ao Nome do Senhor, pois muitas delas procuram seguir o padrão determinado na Palavra de Deus para a reunião.

Capítulo 5 - Existe Mais de Um Testemunho Divinamente Reconhecido da Verdade do "Um So' Corpo"?

Já que o desejo de Deus é reunir os Seus santos na terra como se fossem um ao Nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sobre o fundamento do "um só corpo", surge a questão: Será que Deus tem mais de um testemunho da verdade do "um só corpo"? À luz do que temos apresentado nos capítulos anteriores a partir das Escrituras não cremos que o Espírito de Deus esteja reunindo cristãos em diversas comunhões (federações de reuniões) para expressar tal verdade, sem que esses grupos estejam em comunhão uns com os outros. Como já foi mencionado no capítulo anterior, se o Espírito de Deus estivesse fazendo assim Ele seria o Autor das divisões no testemunho cristão, as quais desonram a Cristo. Não poderia ser assim, pois seria uma contradição à própria verdade que Ele procura apresentar para que os cristãos andem nela. Cristo não poderia ter um só corpo de fato e muitos corpos no testemunho prático. Portanto, estamos bem certos de que só poderia existir um testemunho divinamente reconhecido da verdade do um só corpo.

Conclusoes

Ao recapitularmos os vários princípios encontrados em Mateus 18:18-20, alguém poderia achar que estamos vendo muito mais nestes versículos do que o Senhor teve a intenção de dizer. Insistimos que se tivéssemos apenas esta passagem das Escrituras alguém poderia ter razão em questionar estas coisas, mas quando abrimos o livro de Atos e as epístolas, e interpretamos estes versículos à luz de todo o teor da revelação cristã, vemos desenvolvidos ali estes grandes princípios concernentes à reunião. Nesta passagem o Senhor deu apenas a semente da verdade acerca do congregar e deixou que ela fosse desenvolvida por intermédio dos apóstolos depois que o Espírito fosse enviado.

"Dentro" e "Fora"

As Escrituras indicam claramente que existe um "dentro" e um "fora" quando o assunto é a comunhão da assembleia (1 Co 5:12-13). Quando o apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios não existiam outras comunhões de crentes além daqueles que estavam congregados sobre os fundamentos da igreja. As tristes divisões sectárias ainda não haviam sido manifestadas exteriormente no testemunho cristão. Havia "toda a igreja", fora da qual existiam apenas "indoutos" ou "infiéis" (1 Co 14:23). Os chamados "irmãos" faziam parte da única comunhão de cristãos, os que estavam congregados ao Nome do Senhor. Quando a assembleia em Corinto decidiu tirar de seu meio o malfeitor, os irmãos agiram em nome da igreja como um todo, e assim ele ficava fora da comunhão de toda a igreja de Deus na terra. Qualquer um que naquela época estivesse fora da assembleia estaria no mundo, onde não encontraria comunhão cristã.

A Mesa do Senhor

A "mesa do Senhor" (1 Co 10:21) parece ser outra expressão à qual estão associadas várias ideias errôneas. O inimigo tem lançado muita poeira no ar acerca deste assunto. Alguns dizem que todos os cristãos estão à mesa do Senhor. Outros dizem que a mesa do Senhor está no céu. E existem ainda outros que dizem que ela está em todo lugar onde cristãos partirem o pão, ainda que não estejam identificados com qualquer outro grupo de cristãos. Geralmente estas ideias são inventadas como uma desculpa para a prática eclesiástica na qual alguém esteja envolvido.

A Assembleia Local

A primeira referência à assembleia local na Palavra de Deus está em Mateus 18:15-20. Conforme já vimos, quando existisse a necessidade de resolver problemas que porventura surgissem entre os santos estes deveriam dizer à igreja ou assembleia (Mt 18:17). Após falar da autoridade que foi delegada à assembleia, o Senhor seguiu definindo o que é a assembleia, ao dizer: "Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles". Portanto, está muito claro que nenhum outro além do Senhor é quem nos diz que a assembleia local é formada pelos santos reunidos ao Seu Nome. A sabedoria do Senhor fica evidente quando Ele menciona o número mínimo de santos (dois ou três) que poderiam compor uma assembleia local. Prevendo a grande ruína que viria sobre o testemunho cristão, Ele sabia que as condições seriam de uma fraqueza tal que talvez restassem apenas dois ou três reunidos assim em uma localidade. E ainda que só existissem dois ou três, mesmo assim seria "a igreja" ou assembleia.

Dois Aspectos da Assembleia

O uso da palavra "assembleia" também tem confundido alguns. A Bíblia usa a palavra relacionada aos cristãos de duas maneiras -- para descrever a igreja em seu aspecto universal e local. Ela também é usada em conexão com Israel e com os pagãos -- Atos 7:38, 19:32, mas isso não tem relação com nosso assunto, pois estamos tratando de sua aplicação a cristãos. Digno de nota é que as Escrituras se referem ao aspecto local da assembleia com muito maior frequência (cerca de 90 vezes) do que ao seu aspecto universal (cerca de 20 vezes).

"Ai estou Eu no meio deles"

Apenas quando as condições que vimos nos parágrafos anteriores fossem atendidas que um grupo de cristãos poderia estar divinamente reunido, e assim contar com a promessa da presença do Senhor em seu meio. Como já demonstramos, a Sua presença desfrutada neste sentido coletivo é o que sanciona a existência daquele grupo que Ele reuniu pelo Espírito. Não seria este o caso de todos os grupos cristãos que os homens formaram, pois se o Senhor concedesse Sua presença a todos esses grupos neste mesmo sentido em uma época de divisões, Ele estaria sancionando a divisão no testemunho público da igreja.

"Ao Meu Nome"

Finalmente, o Senhor disse: "ao Meu Nome". Não é "em Meu Nome" como aparece em muitas traduções, mas "ao Meu Nome" (ou "para o Meu Nome"). Isto implica que existe aí uma submissão envolvida -- uma submissão a esse Nome. O Nome do Senhor representa Sua autoridade. Portanto a ideia é de estarem reunidos nesse terreno de submissão à Sua autoridade. E onde a Sua autoridade é revelada? A resposta é, sem sombra de dúvida, na Palavra de Deus. Portanto, aqueles que estão assim reunidos devem guardar toda a verdade de Deus, se sujeitarem a ela e procurarem praticá-la. Existem hoje muitos grupos cristãos que praticam apenas parte da verdade. Por exemplo, um grupo pode guardar as coisas relacionadas à verdade da Pessoa de Cristo, mas não se importar com as exortações que têm a ver com a autoridade de Cristo como Cabeça da igreja. Outros podem ter um grande cuidado em guardar Sua deidade e outros aspectos, porém desprezarem as passagens das Escrituras que falam das irmãs cobrindo a cabeça ou abstendo-se de ministrar publicamente na assembleia, esquecendo-se de que essas coisas são "mandamentos do Senhor" (1 Co 14:37).

Juntos

Como já dissemos, o Senhor não queria que os que compõem o Seu povo estivessem meramente "reunidos" onde Ele estivesse no meio, mas que estivessem "reunidos" juntos. Isto nos remete à comunhão universal dos santos. Todos aqueles que o Espírito de Deus venha a reunir ao Nome do Senhor, onde quer que estejam, devem estar juntos. Como já foi mostrado no capítulo um, isto não significa que eles devem estar todos reunidos juntos em um mesmo ponto geográfico (como era o caso de Jerusalém no judaísmo), mas que devem agir juntos nas diferentes localidades onde o Espírito os tiver reunido, de modo a darem uma expressão universal ao fato de serem um. Isto aponta para a verdade do um só corpo na prática e demonstra que o desejo do Senhor para a assembleia desde o seu princípio era que existisse apenas uma comunhão universal dos santos.

"Estiverem Reunidos"

O Senhor continuou dizendo "estiverem... reunidos". Repare que Ele não diz "se reunirem" como aparece em algumas traduções modernas. A razão disto é que o terreno divino de reunião não é uma associação voluntária de crentes. É verdade que deve existir um exercício e uma iniciativa pessoal da parte daqueles que estão congregados para comparecerem onde Cristo está no meio, mas o tempo passivo do verbo -- "estiverem... reunidos" -- assinala o fato de que existe um poder reunidor externo às próprias pessoas, o qual foi responsável por reunir sobre aquele terreno. O divino Reunidor é o Espírito Santo. Isto é mostrado em Lucas 22:7-20, onde o Espírito de Deus é visto na figura de "um homem, levando um cântaro de água" guiando os discípulos até o lugar escolhido pelo Senhor onde eles estariam com Ele para a ceia. Nas Escrituras a palavra "água" costuma se referir à Palavra de Deus (Ef 5:26). Aprendemos disso que o Espírito de Deus utiliza os princípios da Palavra de Deus para assim guiar os crentes para o lugar escolhido pelo Senhor. O nome do homem não é mencionado, o que nos faz entender que o objetivo do Espírito de Deus não é o de chamar atenção para Si (Jo 16:13-14). Isto também está relacionado ao fato de o Espírito de Deus não ser diretamente mencionado em Mateus 18:20, embora a Sua obra seja percebida ali. Ele não assume um lugar de proeminência no cristianismo, mas trabalha nos bastidores guiando as almas exercitadas a esse terreno estabelecido em princípios bíblicos, onde Cristo está no meio daqueles assim congregados.

"Dois ou tres"

Outra condição para uma assembleia divinamente reunida é que devem existir ao menos "dois ou três". A razão disto é por não poder existir uma assembleia de uma só pessoa. Tudo o que é feito no centro divino deve ser feito "por boca de duas ou três testemunhas" (2 Co 13:1, 1 Tm 5:19). "Dois ou três" é o divino mínimo. Parece até que o Senhor estava prevendo os dias quando as coisas no testemunho cristão estariam em tamanha ruína que poderiam existir em uma localidade apenas alguns poucos cristãos exercitados para estarem no divino terreno de reunião. Se assim fosse, eles ainda poderiam desfrutar da presença do Senhor em seu meio.

Fora do Arraial

A ideia do "seja onde for", ou como os homens costumam dizer, "Vá à igreja que mais lhe agrade", faz do lugar algo de nossa escolha. Todavia, o "onde" mostra o lugar da escolha do Senhor, o lugar indicado por Ele. O lugar não é um centro geográfico, como era Jerusalém no judaísmo, mas um terreno espiritual de princípios sobre os quais os cristãos são congregados pelo Espírito. Os cristãos assim congregados podem estar congregados em diferentes lugares do mundo, porém ocupam um terreno singular e estão em comunhão uns com os outros. Os vários grupos podem estar congregados localmente em uma simples sala, em uma cozinha ou barracão -- o que importa é onde o Espírito de Deus os reuniu ao Nome do Senhor Jesus Cristo.

"Onde"

Muitos cristãos acreditam que quando o Senhor disse "onde" Ele estaria querendo dizer "seja onde for". Eles pensam que o Senhor estava dizendo que um grupo de crentes poderia se reunir da maneira que achasse melhor, quando e onde bem entendessem, e com isso desfrutariam automaticamente da garantia da promessa feita pelo Senhor a eles. Eles imaginam que se alguns cristãos saírem para tomar um café ou praticar um esporte juntos, eles podem reivindicar a promessa deste versículo, de que o Senhor estará no meio deles. Isso nada mais é do que tirar esta preciosa passagem das Escrituras completamente fora de seu contexto. É bem verdade que o Senhor está com todos os crentes, o tempo todo, não importa onde eles possam estar individualmente (Mt 28:20; Hb 13:5), mas não é este o contexto do versículo 20 de Mateus 18. Conforme já foi mencionado, este versículo tem a ver com a presença do Senhor no meio de uma assembleia divinamente reunida para sancionar as decisões administrativas dessa assembleia. Podemos chamar esta presença do Senhor como coletiva; enquanto as outras seriam a Sua presença individual. As duas não devem ser confundidas. Existe uma diferença entre Ele estar com os cristãos, e os cristãos terem a Ele no meio de suas reuniões da assembleia ("Can Christians be Gathered in Only One Place?" - Notes of General Meetings in Ottawa - 1987 - p. 9). A presença do Senhor neste sentido coletivo é o que sanciona a existência daquele grupo de pessoas que Ele reuniu pelo Espírito. Isto não se aplicaria a quaisquer grupos de cristãos formados por homens, pois se o Senhor garantisse esta Sua presença em todos esses grupos, Ele estaria sancionando as divisões no testemunho público da igreja, as quais são uma desonra para Deus. Cremos que Ele não faria tal coisa.

Capitulo 4 - O Terreno Biblico de Reuniao

Para que ninguém fique confuso quanto ao que seja exatamente "a assembleia", o Senhor a define em Mateus 18 como os santos reunidos ao Seu Nome. "Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles" (Mt 18:20). O "porque" neste versículo faz a conexão com os versículos precedentes que falam da assembleia local. Este versículo mostra que a assembleia recebe a autoridade judicial para agir em questões administrativas do próprio Senhor em seu meio, o qual sanciona suas decisões. ("Letters of J. N. Darby", vol. 2, p. 132).

Todavia, em uma época de divisões, nem todos os que reivindicam para si a promessa deste versículo estão necessariamente sobre este fundamento. Um exame cuidadoso do versículo irá demonstrar que há uma série de condições entre o "onde" e o "aí" que devem ser atendidas antes que um grupo de cristãos reunidos para adoração e ministério possam ser reconhecidos como estando no terreno bíblico da assembleia congregada para o Seu Nome. O Senhor apresenta aqui princípios muito importantes que são vistos ampliados nas epístolas. Precisamos ler esta passagem cuidadosamente e em oração para não perdermos de vista sua importância.

Traduzido de "The One Body in Practice", por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.

Quando Ocorre um Impasse Entre os Irmaos Responsaveis na Assembleia

Quando ocorre um impasse entre os anciãos, a assembleia deveria esperar até que Deus desse clareza quanto ao modo de proceder. Se eles chegarem a um impasse, pode ser que precisem chamar irmãos de outra assembleia para aconselhá-los da maneira bíblica de se abordar a questão. J. N. Darby escreveu: "Se a assembleia não se sente em condições de fazê-lo, isso coloca os irmãos sob sua própria responsabilidade, e se eles pedem a ajuda de outros irmãos mais experientes, não há qualquer problema, pois o corpo é um; mas é a assembleia que deve agir assim a fim de se purificar, e isto é extremamente importante" ("Letters of J. N. Darby", vol. 2, p. 198). Ele também escreveu: "As opiniões dos irmãos de outras localidades têm igualmente a liberdade de serem apresentadas aos irmãos locais, quando estiverem relacionadas às questões envolvendo a assembleia dos santos, mesmo que não sejam membros locais daquela reunião. Negar isto seria certamente uma séria negação da unidade do corpo de Cristo... Quando isto ocorre, é uma verdadeira bênção que homens sábios e espirituais (na condição de indivíduos) de outras assembleias venham a participar da questão procurando despertar a consciência da assembleia, isto se vierem a pedido da assembleia ou daqueles que estejam encontrando dificuldade para resolver a questão naquele momento. Em situações assim a ajuda desses irmãos, longe de ser vista como uma intromissão, deve ser recebida e reconhecida em nome do Senhor. Agir de qualquer outra maneira seria com certeza aprovar a independência e negar a unidade do corpo de Cristo" ("Letters of J. N. Darby", vol. 2, p. 200).

Opinioes Contrarias

Todavia podem existir na assembleia aqueles que não concordam com o curso de ação que a assembleia acredita que deva tomar. Se esses forem homens sérios com peso moral, a assembleia deve esperar, porém se forem amigos e partidários do indivíduo ou indivíduos em questão, não devem ser considerados. Na verdade essas pessoas devem ser repreendidas. Elas não deveriam tentar impedir que a assembleia seguisse adiante em cumprir sua responsabilidade diante do Senhor. William Kelly escreveu: "Em casos particulares podem existir parentes ou amigos, talvez até mesmo partidários ou cúmplices numa maior ou menor medida, cujas opiniões não devem ser manifestadas e, se manifestadas, devem ser repreendidas e desconsideradas" (W. Kelly, "Bible Treasury", vol. 11, p. 47).

Sao os Lideres na Assembleia que tem Peso Moral

O modo como o Senhor normalmente dirige a assembleia é por intermédio daqueles que Ele levantou e "que presidem" ou "governam" (1 Ts 5:12-13, Hb 13:7, 17, 24, 1 Co 16:15-18, 1 Tm 5:17).  Estes homens devem conhecer os princípios da Palavra de Deus e serem capazes de aplicá-los, a fim de que a assembleia possa compreender o curso da ação que Deus gostaria que ela tomasse em um determinado assunto (Tt 1:9). Estes homens não se ordenam a si mesmos para o papel de liderança, e nem as Escrituras ensinam que seja responsabilidade da assembleia ordenar seus anciãos, como acontece na maioria das denominações da cristandade. O Espírito de Deus levanta aqueles que Ele considera apropriados (At 20:28). "Os que presidem sobre vós" não se refere necessariamente a liderar a pregação ou o ensino público da Palavra, mas cuidar das questões administrativas da assembleia. Confundir estas duas coisas que são bem distintas é perder de vista a diferença entre um dom e um ofício. Alguns daqueles "que presidem" podem nem mesmo ensinar publicamente, mas serão de boa ajuda sempre que puderem (1 Tm 5:17). São aqueles que se entregaram ao cuidado dos santos, cujo conhecimento dos princípios bíblicos, experiência e julgamento demonstraram ser genuínos, os quais carregam a maior parte do peso de responsabilidade dos assuntos administrativos da assembleia.

A Assembleia Nao e' uma Democracia

A democracia é a forma de governo na qual o povo governa por voto majoritário. A assembleia, porém, não é uma instituição democrática, que chegue às decisões pelo levantar de mãos da maioria, tendo cada pessoa igual direito de opinar sobre o assunto. Uma vez ouvimos um irmão jovem, mundano e ignorante na Palavra dizer: "Eu tenho tanto direito de opinar aqui quanto ele!" (e apontou para um irmão idoso e piedoso, que vinha se empenhando no cuidado da assembleia durante 50 anos). Na verdade pode ocorrer uma situação em que 6 ou 7 irmãos mais jovens possam querer fazer algo contrário ao que pensam 4 ou 5 irmãos mais velhos e experientes. Considerando que o julgamento dos mais velhos deve ser respeitado por causa do peso moral que eles têm na assembleia, os irmãos mais jovens devem se sujeitar ao julgamento que aqueles farão da questão. Eles deveriam ser gratos por poderem seguir a direção espiritual apontada por seus irmãos mais velhos.

A Unanimidade nao e' Necessaria nas Decisoes da Assembleia

Embora a assembleia local deva tentar alcançar as consciências de todos ao tomar uma decisão de "ligar", as Escrituras não exigem que todos numa assembleia precisem estar satisfeitos antes que seja tomada uma decisão válida. Nestes últimos dias, quando a vontade do homem mais do que nunca tem procurado se impor na igreja, não podemos esperar que existam julgamentos unânimes na assembleia. Tal foi a situação no julgamento da questão em Corinto. Em 2 Coríntios 2:5 diz: "Mas se alguém tem causado tristeza, tem causado tristeza não a mim, porém em parte... a todos vós" (Versão da Sociedade Bíblica Britânica sem o que está entre parênteses). Aparentemente alguns dentre os coríntios não se sentiam entristecidos com o pecado que havia em seu meio. Mesmo assim a assembleia levou adiante sua decisão para a glória de Deus. O apóstolo Paulo usou as palavras "em parte" de modo similar quando se referiu a uma facção que havia entre os coríntios. Ali ele dizia: "Assim também nos reconhecestes em parte, que somos a vossa glória, assim como vós também sois a nossa no dia de nosso Senhor Jesus" (2 Co 1:14). Isso ocorreu porque nem todos em Corinto o reconheciam como um apóstolo enviado por Deus.

A Reuniao Administrativa de Irmaos

Quando surgem problemas que exigem um julgamento e ações administrativas na assembleia, os irmãos responsáveis devem se reunir em separado da assembleia para procurar entender os fatos em questão e buscar luz das Escrituras sobre o modo como a assembleia deve agir. Em suma, o objetivo dessa reunião de irmãos é cuidar dos assuntos referentes à assembleia. Há três ocasiões principais no livro de Atos quando os irmãos se reúnem à parte da assembleia como um todo para considerar determinadas questões (At 15:6; 20:18; 21:18). Aqueles eram concílios apostólicos. Embora não fossem exatamente reuniões locais de irmãos voltadas ao cuidado da assembleia por serem reuniões de irmãos de diferentes localidades, elas estabelecem um princípio para nós ao indicarem que as questões podem ser tratadas por irmãos em reuniões à parte da assembleia. Ali diz: "Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto" (At 15:6). Repare que não é mencionada a presença de irmãs, irmãos jovens e novos convertidos. As coisas não devem ser discutidas em detalhes diante da assembleia porque poderiam ocorrer disputas (At 15:7) que não seriam apropriadas em uma reunião pública. Além disso, os assuntos tratados podem envolver coisas que contaminam e não convém que sejam trazidas diante de todos (1 Co 14:40).

As Razoes Ocultas

Gostaríamos de pensar que aqueles que se recusam a se submeter a uma decisão da assembleia pudessem estar sinceramente enganados a respeito dos princípios que regem a assembleia, mas às vezes existem razões ocultas. Devemos nos lembrar de que "enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso" (Jr 17:9). Além disso, "o que confia no seu próprio coração é insensato" (Pv 28:26). Podem existir razões ocultas em nosso coração que sequer detectamos. Parece ser este o caso de Absalão. Quando seu irmão Amnom cometeu incesto no reino, a lei Levítica determinava que ele devia ser executado (Lv 18:9, 29). Vendo que o Rei Davi nada fez, Absalão decidiu tomar a questão em suas próprias mãos e liderou um grupo de homens para matar Amnom. Para os "simples" e "que nada sabiam daquele negócio" (Rm 16:18; 2 Sm 15:11) aquilo talvez tenha sido visto como um ato de justiça, retidão e piedade. Aos olhos desses Absalão provavelmente parecia ser um homem fiel agindo em favor da glória de Deus, e não poupando sequer seu próprio meio-irmão. Mas Absalão não se importava nem um pouco com a glória de Deus e nem tinha aversão por aquele pecado, o acabou ficando claro quando também cometeu incesto com as concubinas de seu pai -- dez vezes mais que Amnom (2 Sm 15:16; 16:22). Além do ódio natural de Absalão pelo que Amnom fizera à sua irmã Tamar, havia uma razão mais profunda para querer matá-lo, e esta era sua sede de poder. Ele queria reinar no trono de Israel, e seu irmão Amnom, que era mais velho e o primeiro na sucessão ao trono, precisava ser eliminado. O pecado de Amnom foi apenas a desculpa para tirá-lo de cena. Do mesmo modo, nas questões relacionadas à assembleia, alguns podem ser levados por outros motivos na hora de escolher de que lado querem ficar em relação a alguma decisão.

Tunbridge Wells

Um exemplo de erro de interpretação foi o que ocorreu em Tunbridge Wells em 1908-1909. Alguns que conhecem o incidente acreditam que as ações que a assembleia tomou, primeiramente ao silenciar C. Strange (1903) e mais tarde ao excluí-lo (1908), teriam sido injustas. Acreditando que o modo de lidar com C. Strange foi injusto e sem base bíblica, eles acharam que Tunbridge Wells havia por isso perdido seu status de uma assembleia verdadeiramente congregada ao nome do Senhor. Tal ideia equivocada é erroneamente sustentada por W. R. Dronsfield em seu livro "The Brethren Since 1870", na página 33, onde diz: "Se dois ou três estiverem verdadeiramente reunidos ao nome do Senhor, qualquer decisão que tomarem deve ser correta para que seja reconhecida como tal nos céus. Todavia, a recíproca também é verdadeira, ou seja, que se aqueles reunidos chegarem a uma decisão injusta, eles não podem estar reunidos ao nome do Senhor". Assim, alguns acharam que as ações daquela assembleia não poderiam ser reconhecidas como ações com respaldo dos céus. Como consequência, decidiram não se sujeitar àquela decisão.

"Qualquer coisa"

W. Potter escreveu um breve artigo sobre as ações da assembleia no qual ele diz que a expressão "qualquer coisa" de Mateus 18:19 é incondicional. Uma assembleia pode ligar erroneamente algo, e nosso dever é nos sujeitarmos até que seja feita uma retificação de forma pacífica e ordenada. Independente do que Potter diz, para alguns a interpretação de "qualquer coisa" como incondicional parece tirada do papismo católico romano. A opinião desses é que isso tornaria a assembleia infalível em suas ações administrativas, o que não é verdade. Tais pessoas argumentam que se a expressão "qualquer coisa" for incondicional, então a assembleia poderia ligar qualquer coisa que quisesse, e ela automaticamente seria ligada no céu. Em seu modo de pensar isso deixaria o céu sujeito às ações da igreja na terra, e se a assembleia cometesse um erro, o céu estaria se colocando em comunhão com o mal, algo que Deus jamais faria. A princípio, um argumento assim pode parecer bem lógico, mas por trás dele está uma tentativa do inimigo de criar confusão na assembleia e minar suas ações. Para isso bastaria alguém declarar que uma determinada ação da assembleia foi injusta, para concluir que ela não teria o respaldo do céu. E se o céu não a endossasse ninguém estaria obrigado a aceitá-la e nem se submeter a ela. Esta é uma maneira conveniente de se desprezar aquelas ações da assembleia que não nos agradem. Se os atos administrativos de uma assembleia só devessem ser obedecidos sob a condição de estarem corretos, toda e qualquer ordem seria subvertida. [Ver nota]

O Caso de uma Decisao Injusta da Assembleia

Se for o caso de uma assembleia tomar uma decisão injusta, existe um recurso. Primeiro, podemos levar a questão em oração diretamente ao Senhor, a Cabeça da igreja. Ele poderá exercitar as consciências das pessoas naquela localidade até que corrijam aquela ação. Segundo, o Senhor levantará profetas entre eles localmente, ou enviará alguns de outras assembleias, para despertar a consciência daquela assembleia a fim de que seja feita a correção (2 Co 2:4, Ap 2:13, 2 Cr 24:19-22, Jz 9:5-21). Em terceiro lugar, se aquela assembleia local se recusasse a lidar com seus erros, depois de estes lhe terem sido claramente apontados, ela deixaria de ser reconhecida por meio de uma ação de "ligar" feita por outra assembleia agindo como representante do corpo como um todo. Todos iriam simplesmente reconhecer o fato de que a assembleia que insistisse no erro não estaria mais congregada no verdadeiro terreno da igreja de Deus. Neste caso a assembleia local como um todo é tratada assim por ter defendido o mal em seu meio, tornando-se cada um dos que ali participam igualmente responsável pelo erro. Se as coisas chegarem a este ponto, já não se trata de uma questão de apenas alguns indivíduos em seu meio estarem envolvidos com o mal, mas de toda a assembleia local ter se recusado a julgar aquele mal. Esta é a triste, porém necessária, maneira de as escrituras lidarem com uma ação equivocada de uma assembleia, ou então com sua inércia, quando ela fracassa em tomar uma iniciativa para afastar o mal (Dt 13, Jd 21, 2 Sm 20:14-22).

A Assembleia e' Revestida de Autoridade, nao de Infalibilidade

Se observarmos o contexto da passagem em Mateus 18:15-20 veremos que o Senhor estava anunciando que Ele iria conferir Sua autoridade à "igreja" ou "assembleia" para agir em lugar dEle durante a Sua ausência. Isso era um novo direcionamento nos procedimentos de Deus. Israel iria ser deixado de lado por causa de seu fracasso, e Cristo estava prestes a edificar Sua assembleia (Mt 16:18). A assembleia seria o novo centro administrativo divino na terra que Deus passaria a reconhecer. Se surgissem dificuldades entre os santos, eles já não precisariam trazê-las diante dos juízes em Jerusalém, como no tempo em que Ele deu autoridade para Israel agir em Seu Nome no judaísmo (Dt 17:8-13). Agora eles deveriam trazer as questões para a assembleia. "Dizei-o à igreja", disse Ele. Então Ele seguiu dizendo que a assembleia teria autoridade para agir administrativamente em Seu Nome sempre que necessário: "Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu". Um exemplo da assembleia ligando seria o caso de 1 Coríntios 5:11-13. Um exemplo da assembleia desligando seria 2 Coríntios 2:6-11. Assim a assembleia foi revestida da autoridade do Senhor para agir em Seu Nome durante o tempo de Sua ausência, e suas ações devem ser reconhecidas como autoridade final. Essa autoridade não foi dada aos apóstolos (apesar de os apóstolos terem recebido uma autoridade especial), mas à assembleia. Mateus 18:18-20 é a primeira referência feita à assembleia local na Bíblia. Antes disso o Senhor havia dito que iria edificar Sua assembleia em seu aspecto universal (Mt 16:18).

Mateus 18:18-19

Enquanto 2 Timóteo 2:19-22 nos fala do processo do exercício pelo qual devemos passar para encontrarmos o testemunho remanescente nos dias atuais e nos identificarmos com ele, Mateus 18:18-20 descreve os grandes princípios de reunião sobre os quais aqueles conectados ao testemunho remanescente devem congregar. Trata-se do terreno de reunião que o Senhor originalmente planejou para que nele toda a igreja viesse a congregar para adoração e ministério. Isto significa que ainda é possível praticarmos toda a verdade das Escrituras referentes a como os cristãos devem se reunir (isto é, a verdade do "um só corpo"), mesmo em um dia de ruína quando a maioria dos cristãos não têm o mesmo exercício.

Capítulo 3 - A Assembleia Revestida da Autoridade do Senhor

Falamos de dois grandes recursos que temos para nos guiar nestes últimos dias, quando o testemunho cristão está mergulhado na confusão -- "Deus e a palavra da sua graça" (At 20:32) -- a oração e a Palavra de Deus. Estas são duas coisas que a igreja sempre teve à disposição para guiá-la desde o início. Mas existe outro grande recurso que não podemos subestimar -- o Espírito Santo. Não nos esqueçamos de que existe uma Pessoa divina habitando em nós e que deseja nos guiar pelo caminho. O Senhor disse: "Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade" (Jo 16:13). No Novo Testamento, o primeiro indício do Espírito Santo guiando os crentes ao lugar de reunião de Deus está em Mateus 18:20. Considerando que Deus tem apenas uma comunhão à qual todos os cristãos são chamados (1 Co 1:9), o Espírito de Deus só iria guiar a esse terreno de reunião onde Cristo é o centro.

Seguindo a Justica, a Fe, o Amor, e a Paz

Nesta senda, o julgar-se a si mesmo é algo que não deve ser negligenciado. Paulo acrescenta: "Foge também das paixões da mocidade". Não se trata de uma exortação apenas para os jovens, mas também para os velhos que tenham a mesma luxúria dos jovens. Ao separar-se da mistura de vasos devemos seguir "a justiça", que é procurar fazer o que é certo em todas as áreas da vida. Isto é importante, pois se nos tornarmos descuidados quanto à nossa maneira de agir para com as pessoas, seja nos negócios ou na vida em geral, poderemos facilmente falsificar a posição que temos de separados da iniquidade, e assim ridicularizar o terreno que assumimos.

"Destes" e "Com os que"

O crente tem diante de si um duplo exercício: primeiro, dissociar-se, depois associar-se Isto é indicado pelas palavras "destes" (vers. 21) e "com os que" (vers. 22). (N. do T.: No primeiro caso a versão Almeida Corrigida usa "destas coisas", mas a tradução literal é "destes"). O crente deve se separar dos vasos que estão todos misturados na casa, e seguir "com os que, com um coração puro, invocam o Senhor" Esta ordem é consistente em todas as Escrituras (Is 1:16-17, Rm 12:9, 13:12, Sl 34:14, 3 Jo 11). Os estudiosos nos informam que o termo "destes" é no grego o genitivo plural, o que significa que sua aplicação é ampla e poderia incluir tanto pessoas, como princípios e coisas. Ou seja, toda a mistura de coisas existentes na casa -- todos os vasos na mistura, bons e ruins, verdadeiros e falsos. Isto significa que o crente fiel deve se dissociar de tudo aquilo que é contrário à verdade de Deus; de tudo o que negue aquilo que é a verdadeira igreja sob a Cabeça, que é Cristo; e de tudo o que negue ao Espírito Santo o Seu lugar de direito como Guia. Ao fazer isso, o crente se torna um "vaso para honra, santificado"

Purificando-se

O exercício do cristão não é ser meramente um "vaso para honra", mas ser um "vaso para honra... santificado". Isto inclui purificar-se da mistura por meio da separação. Estes versículos ensinam claramente que é impossível ser um vaso santificado quando se permanece em comunhão com a corrupção existente na casa. A mera associação com a doutrina e prática ruins é suficiente para nos manchar, mesmo que em nossa vida pessoal nós não estejamos professando ou praticando o mal. Portanto, o grande exercício para o crente que deseja ser fiel é "apartar-se" da injustiça e iniquidade que há na casa, separando-se dessa mistura. Assim ele se torna um vaso "santificado" para honra. Trata-se de uma separação que deve ser praticada na casa de Deus. O crente não é chamado a deixar a casa, pois isto significaria abandonar a profissão cristã completamente, mas a separar-se da desordem existente ali. (Compare com Provérbios 25:24). Tampouco ele é chamado a "purificar" a casa de tudo o que desonra o Senhor, mas sim de "purificar-se" da mistura existente na casa. [Veja notas 1 e 2]

Segunda Epistola a Timoteo 2:19-22

Ao abrirmos em 2 Timóteo encontramos o apóstolo Paulo definindo o caminho para aquele que é fiel, quando viesse o grande abandono da verdade na profissão cristã. Aqueles que exercitassem isso seriam guiados a um remanescente de crentes que passaram pelo mesmo exercício de buscar praticar (em notória fraqueza) toda a verdade de Deus naquilo que diz respeito à igreja. Estas instruções não poderiam ser mais apropriadas para nossos dias, quando a ruína no testemunho cristão chegou ao ápice. O apóstolo escreveu: "Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus, e qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas*, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor" (2 Tm 2:19-22 - *N. do T.: Algumas traduções trazem "se purificar destes").

A Senda do Fiel Em Meio a Ruina

Alguém poderia perguntar: "Se Deus possui um testemunho remanescente hoje, onde toda a verdade referente à assembleia é praticada, como posso encontrá-lo?". Em primeiro lugar, não devemos pensar que Deus nos tenha deixado sozinhos para encontrarmos nossa senda em meio à confusão. É um grande alívio aprender que não fomos abandonados à nossa própria sorte para esta missão aparentemente impossível. Ele fez uma ampla provisão para nós a este respeito. "Aos justos nasce luz nas trevas; Ele é piedoso, misericordioso e justo" (Sl 112:4). Todavia, é imperativo que reconheçamos que, independente de quão aguçada seja nossa inteligência natural, de quão grande seja nosso conhecimento das Escrituras ou de quão sinceras sejam nossas intenções, não podemos encontrar a senda de Deus em meio à confusão se confiarmos em nosso próprio entendimento. Estas coisas -- inteligência natural, conhecimento das Escrituras e sinceridade -- podem até se transformar em obstáculos se não forem mantidas em comunhão com o Senhor. Devemos reconhecer que somos totalmente incompetentes para encontrar o caminho em meio à confusão, e então buscarmos a direção do Senhor.

O Modo de Deus Agir Para Com os Judeus na Tribulacao

Quando olhamos as Escrituras proféticas, descobrimos que o Senhor irá tratar com os judeus uma vez mais exatamente sobre este mesmo princípio. No período da Tribulação a massa da nação irá fazer um concerto com a Besta e aceitará a idolatria que ela e o Anticristo irão introduzir. Como resultado disso, a nação será totalmente corrompida (Jo 5:43, Mt 12:43-45). Quando a massa de judeus mergulhar na idolatria, o Senhor não irá se identificar abertamente com a nação em sua ímpia aliança (Is 18:4). A razão de Ele agir assim é exatamente a mesma da outra vez da história de Israel e também da igreja -- identificar-Se com Israel passaria ao mundo uma ideia errada do verdadeiro caráter de Jeová. Em lugar disso, Ele separará um remanescente e abandonará a massa do povo à idolatria que eles tanto desejam (Sl 106:15). Durante todo o tempo Deus irá manter um testemunho remanescente em meio à grande apostasia. "E muitos entre eles tropeçarão, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos. Liga o testemunho, sela a lei entre os Meus discípulos" (Is 8:11-18, 10:21-22, 11:11, Jl 2:32, 3:1-2, Mq 4:7, Sf 3:13).

O modo de Deus Agir Para Com a Igreja

Quando o assunto é a igreja, vemos o Senhor agindo sobre o mesmo princípio que Ele agiu para com Israel. Se acompanharmos a história da igreja do modo como ela é apresentada nas sete igrejas do Livro de Apocalipse, veremos o testemunho cristão numa trajetória descendente. O estado de coisas chega a um ponto tal que o Senhor já não reconhece a massa da profissão cristã e passa a tratar com um testemunho remanescente (Ap 2:24-29). O estado da igreja havia atingido um ponto em que "mais nenhum remédio houve" (2 Cr 36:16). Consequentemente, a partir desse ponto ocorre uma mudança notória no modo de Deus agir para com a igreja. Isto é indicado pela exortação "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas", a qual passa a vir depois da promessa ao que vencer, ao invés de antes, como era o padrão até aquele ponto. Nas primeiras três igrejas (Éfeso, Esmirna e Pérgamo) a recompensa ao que vencer foi apresentada a toda a igreja, pois o Senhor ainda estava tratando com ela coletivamente. Todos os que ouvissem e obedecessem receberiam a recompensa do vencedor. Daí em diante tudo muda.

O Modo de Deus Agir Para Com Israel

No caso de Israel, o Senhor claramente estabeleceu um lugar na terra de Canaã para onde todos os filhos de Israel deveriam levar seus sacrifícios, ofertas e adoração. Ele colocou o "Seu Nome" e a "Sua habitação" nesse lugar e declarou "ali vireis" (Dt 12:1-16, Dt 16:16). O lugar, como sabemos, era Jerusalém (1 Rs 8:1, 29, 9:3, 11:32, 14:21, 2 Rs 21:4, 7, Sl 50:5, 122:3-4, 132:13-14). Era este o desejo do Senhor para todos os filhos de Israel que Ele havia redimido do Egito. Ele queria que, em determinadas épocas, todas as tribos de Israel se reunissem ali em feliz comunhão para expressarem sua unidade como nação e O adorarem. [Ver nota]

Um Remanescente

Ao buscarmos nas Escrituras a vontade de Deus quanto ao que devemos fazer nestes dias de ruína e fracasso no testemunho cristão, aprendemos um grande princípio sobre o qual Deus age quando aquilo que Ele colocou nas mãos dos homens em forma de testemunho termina em fracasso. Deus reduz o tamanho, a força, a glória e a quantidade desse testemunho e o entrega a um remanescente. A palavra "remanescente" significa "resíduo" ou "aquilo que resta" de alguma coisa original (W. Trotter, "Plain Papers on Prophetic Subjects", p. 361 - veja Isaías 1:2-9).

A Ruina do Testemunho Cristao

Vivemos numa época realmente triste, quando cada um faz "o que parece reto aos seus olhos" (Jz 21:25). É evidente que o corpo não está "ligado à cabeça" (Cl 2:19). O Dr. W. T. P. Wolston compara a situação atual dos membros do corpo de Cristo a uma enfermidade chamada "coréia" (Doença de Huntigton), que pode afligir o corpo humano fazendo com que todos os músculos se movimentem, porém sem controle e independentes da vontade do cérebro. Ele comenta: "Creio que a igreja de Deus nos dias de hoje tenha contraído esse tipo de doença. Os membros estão todos fazendo sua própria vontade".

Capitulo 2 - A Ruina na Cristandade e o Testemunho Remanescente

O crente que aprende das Escrituras que o corpo de Cristo deve se expressar em uma unidade visível na terra talvez venha a perguntar: "Como poderíamos praticar tal verdade hoje, quando a maioria dos cristãos provavelmente nem conheça tal coisa, e se conhecer, talvez nem esteja interessada em colocá-la em prática?".

Um Exemplo Pratico de Unidade

Vemos um exemplo disso em Atos 15, quando surgiram problemas entre os santos em Antioquia por causa de mestres judaizantes de Jerusalém que perturbavam os santos com sua doutrina que misturava a lei e a graça. Mais uma vez aprendemos algumas lições valiosas de como Deus gostaria que lidássemos com os problemas entre assembleias. A primeira coisa que aprendemos é que eles decidiram tratar o problema em conjunto com os que estavam em Jerusalém. Ora, poderíamos achar que o motivo de terem levado a questão a Jerusalém seria por ser ali um centro estabelecido por Deus para lidar com problemas das assembleias, como se existisse um único lugar central na terra (uma sede) para onde as assembleias deveriam levar seus problemas.

A Decisao de "Ligar" e "Desligar"

Em Mateus 18:18 encontramos as próprias palavras do Senhor, e ele diz "tudo o que ligardes na terra..." ao falar de uma assembleia local tomando uma decisão de "ligar" ou "desligar", sem especificar onde na terra, pois as ações da assembleia não estão confinadas a uma localidade específica. Embora uma decisão possa ser tomada em uma localidade específica, ela é tomada em nome de todo o corpo, e tem validade em toda a terra. Não existe nas Escrituras algo como tomar uma decisão de "ligar" ou "desligar" que se aplique apenas a uma determinada localidade. Neste versículo o Senhor está dizendo simplesmente que se a assembleia tomar uma decisão em Seu Nome, Ele irá reconhecê-la. Se os céus a reconhecem, então todos na terra deveriam reconhecê-la igualmente. Todos os que se encontram sobre o terreno da assembleia de Deus devem reconhecer tal ação e se submeter a ela. Deste modo a assembleia como um todo expressa a verdade de que "há um só corpo".

Questoes de Disciplina na Assembleia

O "um só corpo" na prática é também visto em questões entre assembleias no que diz respeito à disciplina e excomunhão. Apesar de estarem separadas por muitos quilômetros, as assembleias são consideradas, todas elas, como permanecendo sobre um único terreno e em uma única comunhão. Portanto elas reconhecem as decisões administrativas umas das outras no que envolve o "ligar" e "desligar". Essas decisões são tomadas nas diferentes assembleias locais, mas por serem tomadas em Nome do Senhor são reconhecidas por todas as outras assembleias reunidas sobre o fundamento do "um só corpo". A competência de cada assembleia local de agir em nome de todo o corpo vem do fato de o Senhor estar em seu meio sancionando suas ações (Mt 18:18-20).

Questoes de Comunhao Entre Assembleias

Vemos também o "um só corpo" na prática nas questões administrativas relacionadas à comunhão entre assembleias. A igreja nas Escrituras utilizava "cartas de recomendação" (At 18:24-28; Rm 16:1; 2 Co 3:1-3). Estas cartas eram enviadas de uma assembleia local para outra, encomendando uma ou mais pessoas à comunhão prática da assembleia à qual se dirigissem. Tais cartas não eram para pedir aos irmãos da assembleia destinatária para que introduzissem a pessoa à comunhão. Os irmãos daquela assembleia não precisariam examinar a vida dessa pessoa para ver se professava a sã doutrina e era piedosa em seu andar; isto já tinha sido feito quando ela foi recebida à comunhão dos santos sobre o terreno do "um só corpo". A carta informava que aquela pessoa já estava em comunhão e que a assembleia à qual se dirigia deveria recebê-la como tal.

A Formacao de Novas Assembleias

No caso de novos convertidos e da formação de novas assembleias sobre esta base de comunhão, vemos que quando o Espírito de Deus começava uma obra em algumas pessoas, Ele tinha o cuidado de ligar essas pessoas às outras sobre o mesmo terreno, de modo que a "unidade do Espírito" fosse mantida. Dos santos em Tessalônica é dito: "Porque vós, irmãos, haveis sido feitos imitadores das igrejas de Deus que na Judéia estão em Jesus Cristo" (1 Ts 2:14). Isto não significa que as assembleias na Judéia fossem mais importantes e que as outras deviam segui-las. Trata-se simplesmente do fato de que o Espírito havia iniciado na Judéia a Sua obra de reunir as almas ao Nome do Senhor Jesus, e à medida que outras pessoas eram salvas, elas eram ligadas em uma comunhão prática àquilo que o Espírito de Deus já tinha começado.

O Testemunho da Assembleia

Os coríntios eram a representação local de Cristo naquela comunidade. Na segunda epístola de Paulo aos Coríntios ele escreveu: "Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo" (2 Co 3:3). Repare que ele não diz "as cartas" de Cristo, como geralmente alguns fazem ao mencionar a passagem, mas "a carta (singular) de Cristo". Apesar de seu testemunho coletivo ser formado de muitos indivíduos, e de existirem muitas reuniões naquela grande cidade, o grande objetivo daquilo tudo era demonstrar uma unidade singular e unificada perante o mundo.

A Ordem na Assembleia

Quando observamos mais de perto a Epístola aos Coríntios, vemos esta verdade apresentada nas circunstâncias práticas da vida em assembleia. Vemos que Paulo procurava manter a uniformidade de doutrina e prática nas assembleias em todo o mundo (1 Co 1:2, 7:17, 11:16, 14:33-34, 16:1). Sua preocupação era que todas as assembleias andassem juntas, e assim tivessem um único e singular testemunho perante o mundo. Quando olhamos para a igreja primitiva vemos essa unidade na prática.

"Um Só Corpo" na Pratica

Tendo ficado claro que o Senhor deseja que exista uma expressão visível do "um só corpo" entre o Seu povo, apresentamos agora algumas maneiras de como o corpo de Cristo deve se expressar como tal segundo as Escrituras. Isto pode ser visto no que se segue:

Andar de Modo Digno de Nossa Vocacao e' Expressar na Pratica Que Somos "Um So Corpo"

Quando abrimos as epístolas descobrimos já desenvolvido aquilo que o Senhor apenas mencionou nos Evangelhos. As epístolas aos Efésios e Colossenses, em especial, desvendam a verdade do "grande mistério" de Cristo e da igreja, que é o Seu corpo (Ef 5:32). A primeira grande responsabilidade coletiva da igreja é "andar como é digno da vocação" em que ela foi chamada (Ef 4:1). E como os membros do corpo podem "andar como é digno"? Alguns talvez digam que eles devem fazer isso vivendo corretamente como bons cidadãos na comunidade, mas não é este o assunto desta passagem das Escrituras. Evidentemente os cristãos deveriam se preocupar em andar corretamente diante do mundo, mas o contexto da passagem indica que a exortação para "andar como é digno" de nossa vocação tem em vista a revelação do mistério de Cristo e Sua igreja -- o corpo.

O Desejo do Senhor por uma Unidade Visivel no Corpo

Sabemos pela Palavra de Deus que o desejo do Senhor era "reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos", para que existisse"um rebanho e um Pastor" (Jo 11:51-52; 10:16). Antes de ir à cruz Ele orou para isso, dizendo: "Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós". E também: "Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste" (Jo 17:11, 21). Embora estes versículos no evangelho de João não falem diretamente da verdade da unidade do corpo de Cristo, mas sim da unidade na família de Deus, eles mostram claramente qual é o desejo do Senhor para o Seu povo, que todos fossem encontrados juntos em uma unidade visível sobre a terra.

A Uniao Com Cristo e a Unidade no Corpo

Como consequência da formação do corpo de Cristo pelo batismo do Espírito existe uma união e também uma unidade. Há uma diferença entre os dois termos.

Quando os cristaos sao acrescentados ao corpo?

Ao contrário do que muitos cristãos atualmente pensam, os crentes não são acrescentados ao corpo pelo batismo do Espírito, já que a obra do Espírito em batizar está completa e aconteceu de uma vez para sempre no início da história da igreja. Repare com atenção que 1 Coríntios 12:13 não diz, como alguns imaginam, "fomos todos nós batizados no corpo" (acrescentando o artigo "o", que não faz parte do texto), Se assim fosse, então poderia indicar que as pessoas hoje são acrescentadas individualmente ao corpo pelo batismo do Espírito. O acréscimo do artigo "o" muda consideravelmente o sentido e pressupõe que o corpo já existisse antes mesmo do batismo ocorrer. Todavia, o versículo diz "...batizados em um só corpo", significando que foi o batismo que formou o corpo. O Espírito de Deus tomou todos os crentes individuais que estavam naquele cenáculo no dia de Pentecostes e os conectou, por meio de Sua presença, a Cristo, a cabeça que ascendeu ao céu (Atos 2:1-4).

Quando e como o "corpo de Cristo" passou a existir?

Quando examinamos as Escrituras descobrimos que o "corpo de Cristo" não existia nos tempos do Antigo Testamento. Na verdade, ele nem mesmo aparece na revelação do Antigo Testamento. O Senhor Jesus Cristo precisava primeiro morrer, ressuscitar e ascender ao céu como um Homem glorificado antes que a igreja pudesse ser formada.

Capítulo 1 - O Corpo de Cristo e Sua Manifestação Prática

A verdade do "um só corpo" de Cristo e sua manifestação prática (Ef 4:4) talvez seja uma das menos compreendidas da Bíblia. Mesmo assim, ela é claramente encontrada em quatro epístolas do apóstolo Paulo -- Romanos, 1 Coríntios, Efésios e Colossenses. Cremos que essa falta de compreensão resulta do trabalho do inimigo de nossas almas, o diabo, que tem procurado empregar toda a sua energia para afastar da igreja essa bendita verdade. A prática da verdade do "um só corpo" é atualmente um dos mais atacados e deturpados temas da verdade bíblica. Portanto, é com muita dependência do Senhor que sigo adiante tratando deste assunto.

Prefacio

A maior parte deste volume foi escrita na mesma época de "A Ordem de Deus", um livro que publiquei em 1993 sobre a assembleia. Nos últimos anos acrescentei vários parágrafos a esta obra até atingir o tamanho atual. Por estar ciente de que alguns tópicos abordados neste livro certamente iriam causar certo constrangimento em algumas pessoas, decidi esperar no Senhor antes de torná-lo público. Nesse ínterim entreguei o manuscrito a alguns irmãos respeitados e versados nas Escrituras para que dessem suas sugestões -- pelas quais estou extremamente grato.

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